segunda-feira, 16 de maio de 2011

“Kit Gay”


Rodrigo Santiago*

No final do ano passado, um vídeo no Youtube chamou minha atenção para um assunto muito sério: Tramita no Senado um projeto que quer distribuir um kit nas escolas públicas com DVDs, livros e cartazes intitulado “Combate a Homofobia”. Até aí ótimo. É um título nobre que inspira uma atitude igualmente nobre, pois a expressão “fobia” representa medo ou repulsa por algo que geralmente não representa perigo. O problema é o conteúdo e a forma com que esse kit será utilizado.

Segundo o deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ), a decisão de elaborar e distribuir o kit foram da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e da Comissão de Educação. Estava presente o Sr. André Lázaro, secretário de educação continuada, alfabetização e diversidade do MEC. No dia em que foi votada a elaboração do kit, a platéia era composta 100% de gays de ambos os sexos. O deputado afirma que as decisões tomadas nessa votação são desconhecidas de muitos membros da comissão.

O Projeto prevê a elaboração de três vídeos (que já estão sendo licitados), cujo conteúdo eu (e qualquer juiz da infância e adolescência) considero impróprio para ser veiculado nas escolas, pois para mim não passam de insinuação a pornografia e promiscuidade.

No primeiro vídeo, um garoto chamado José Ricardo, de aproximadamente 15 anos, vai ao banheiro masculino e se depara com outro garoto fazendo suas necessidades. Ele percebe o tamanho do pênis do amigo e a partir daí se apaixona por ele. Dias depois, na sala de aula, quando a professora o chama pelo seu nome, ele se volta para ela e diz que a partir dali seu nome seria “Bianca”.

Como se o “grand finale” já não fosse suficientemente revoltante, logo após o vídeo, é dada a mensagem de que esse tipo de comportamento, a partir de então, passa a ser exemplo para os demais alunos.

No segundo vídeo, duas garotas de aproximadamente treze anos de idade, discutem a profundidade com que a língua de uma deve entrar na boca da outra durante o beijo.

Deixo claro que sou completamente avesso a qualquer tipo de preconceito seja ele por cor, religião, classe social, time de futebol (sou são paulino) ou nesse caso, opção sexual.

Há dois anos, o Richarlison, volante do São Paulo, foi advertido pela diretoria do clube e pela FIFA e foi lhe recomendado que adotasse uma postura mais “séria” com relação ao corte de cabelo e vestimentas adequando-se assim a imagem do time de futebol que ele fazia parte.

Se até em um clube de futebol atitudes assim são cobradas, nas escolas deveria ser diferente? Por que diabos deveria ser permitido e nesse caso, estimulado, que um aluno adote postura não condizente com o sexo que nasceu? Até a expressão “opção sexual” está sendo chamada agora de “orientação sexual”. Discordo da última, pois em casa, temos “orientação” heterossexual para que possamos dar netos aos nossos pais e continuidade a espécie humana. Com o amadurecimento emocional, que se dá a partir dos 17 anos é que decidimos qual caminho seguir e conseguimos pesar as consequências para a vida futura. Aí sim estaremos fazendo uma “opção sexual”. Crianças de 7 anos não tem discernimento para saber se isso é bom ou ruim para ela.

Imagino que ninguém da comissão leu o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (acho que eles nem sabem o que é) onde diz claramente que imputa como crime a indução a situações de caráter sexual envolvendo crianças e adolescentes. Esse material além de imoral é também CRIMINOSO! Entendo que a referida comissão não está tentando combater a homofobia e sim impondo seu modo de vida empurrando-nos goela abaixo como um comportamento exemplar e que deve ser ensinado desde cedo para as crianças.

Assim como temos em vários países a “religião oficial”, daqui a algumas décadas poderemos ter no Brasil a “opção sexual oficial”? Qualquer pessoa de bom senso não importando de qual opção sexual tem o dever moral de protestar contra esse projeto, pois se a comunidade gay permitir e apoiar tal projeto estarão eles mesmos se dando um tiro no pé, se declarando promíscuos e não se dando o devido respeito. Respeito esse que acho justíssimo que conquistem desde que não firam o nosso direito de escolha.

Não é da minha conta o que as pessoas fazem entre quatro paredes, mas o que fazem fora dela e principalmente em espaços públicos é sim! Se um dia as drogas forem legalizadas será que as escolas também estimularão o seu consumo?

Há algo muito errado e de motivos escusos por trás de projetos como esse. Lembre-se de que semanas atrás, a “Patrulha do Politicamente Correto” estava tentando banir o genial Monteiro Lobato da grade escolar sob o pretexto de conter comentários racistas a respeito da querida Tia Anastácia. Ninguém se lembrou (não sei se por conveniência ou por burrice mesmo) que o livro foi publicado em 1920 e os termos considerados “racistas” eram expressões comuns para a época.

Um grupo semelhante nos Estados Unidos está tentando banir Mark Twain, que é tão importante para eles como nosso Monteiro Lobato sob a mesma alegação de incitação ao racismo.

Ao invés de mostrar um material que eu, assim como o deputado me senti ultrajado, envergonhado e revoltado, as escolas deveriam sim, ensinar que opção sexual, cor da pele, religião, classe social ou qualquer outro tipo de diferença não é motivo nem de orgulho e nem de vergonha. Você simplesmente é assim e pronto! Mas nunca estimular e dar tal exemplo afinal, um dia eu quero ser avô.

Nota: Para os que se interessarem em assistir os vídeos, acesse www.youtube.com.br e digite no campo de busca as expressões “Kit Gay” e “Encontrando Bianca”

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