sábado, 14 de maio de 2011

Confusão e briga adiam votação da lei que criminaliza homofobia

Brasil

13 de Maio de 2011 - 15h10

Confusão e briga adiam votação da lei que criminaliza homofobia

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) disse ter se assustado com a “posição antagônica” das igrejas que a obrigou a retirar de pauta a proposta que criminaliza a homofobia, que foi discutida essa semana na Comissão de Direitos Humanos do Senado. A discussão gerou um bate-boca entre o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e a senadora Marinor Brito (Psol-PA). Os dois trocaram acusações e quase se agrediram, interrompendo a entrevista da senadora petista.

“O que nós temos na fé é o respeito ao cidadão, é o amor. Não adianta dizer que tem respeito e ser contra um projeto que vai diminuir o número de homicídios e o preconceito”, afirmou a senadora marta Suplicy diante das manifestações de ódio dos parlamentares evangélicos. Marta disse ter atendido às reivindicações de lideranças religiosas para evitar que suas pregações pudessem ser criminalizadas. “Quando me colocaram que o problema não era de intolerância, mas uma questão de liberdade de expressão em templos e igrejas, coloquei no relatório que a liberdade de expressão está preservada”, ressaltou.

A senadora afirmou que gostaria de saber o que impedia agora a votação da proposta. “Vamos conversar, mas gostaria também de saber o que exatamente impede a votação agora. O que pediram está feito”, declarou. “Incluí o que foi pedido, que foi a proteção da livre expressão em culto”, acrescentou.

Os evangélicos alegam que, ao transformar em crime o preconceito contra homossexuais, o projeto avança sobre a liberdade religiosa, impedindo, por exemplo, que eles condenem a homossexualidade em suas pregações.

A senadora afirmou, ainda, que o Legislativo está atrasado na discussão sobre os direitos dos homossexuais em relação às iniciativas tomadas pelo Executivo e o Judiciário, que reconheceu na semana passada a união civil entre pessoas do mesmo sexo. “Esta Casa não pode mais caminhar na contramão. Como a Comissão de Direitos Humanos não votará uma lei que protege milhares de pessoas? Não estamos falando de mil cidadãos, estamos falando dos que estão assumidos, dos não assumidos, dos que padecem”, reclamou.

Mais uma do Bolsonaro

A confusão entre Bolsonaro e Marinor começou quando Bolsonaro se postou atrás de Marta, durante a entrevista para televisão, com um panfleto que qualifica o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGTB (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) como uma proposta do governo para “transformar” jovens estudantes em homossexuais.

Marinor acusou Bolsonaro: “Tu és homofóbico. Tu deverias ir pra cadeia! Tira isso daqui. Isso está sendo feito com dinheiro público. Homofóbico, criminoso, criminoso, tira isso daqui, respeita!”, disse a senadora ao deputado, que a chamou de “heterofóbica”. Parlamentares tiveram de intervir para acalmar os ânimos.

Em seguida, Marinor voltou à comissão para pedir que fossem tomadas as “medidas cabíveis” contra o deputado. Para ela, a manifestação de Bolsonaro é “prova inconteste do movimento homofóbico instalado no Congresso Nacional”. “Ele faz comparação de cidadãos homossexuais a criminosos pedófilos”, criticou.

Bolsonaro é alvo de oito representações por quebra de decoro parlamentar por causa de declarações dele ao programa CQC, da Band. No quadro "O povo quer saber", o deputado foi questionado pela cantora Preta Gil sobre como agiria se seu filho se apaixonasse por uma negra.

"Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu", respondeu Bolsonaro. Com a polêmica, ele próprio pediu para ser ouvido pelo Conselho de Ética. E negou que a declaração fosse racista. O deputado disse ter entendido que a pergunta da cantora se referia a homossexuais.

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