segunda-feira, 9 de maio de 2011

Como curar algo que o tempo não apaga?











Como curar algo que o tempo não apaga?
Como curar algo que o tempo não apaga?
:: Silvia Malamud ::

Sandra aparece em meu consultório, extremamente tímida, desculpando-se de tudo que possivelmente não estaria correto em sua cabeça.
Veste-se como se fosse um rapaz, embora seus modos sejam femininos. Sua queixa: Tem 34 anos e sequer beijou. Deseja ao menos ter essa sensação em sua vida. Quando pergunto se deseja também ter algum desenvolvimento a partir disso, sua fala é de não se achar capaz de atrair um homem nem para um beijo, nem para algo mais.
Conhece o EMDR por pesquisas pessoais no mundo da internet e vem ao consultório seguindo uma trilha nessas suas pesquisas. Conta que é muito solitária, formada em Letras e que trabalha numa Biblioteca estadual.
Conversamos algumas poucas sessões e entendo que ela pode fazer o EMDR.
Notem que Sandra se queixa de alguns sintomas, revela outros em seu modo de atuar e em seus relatos evidencia alguns fatos marcantes de sua vida. Tem idéia do que a deixou ser daquele modo, mas não consegue mudar.

No decorrer das sessões, aspectos dela vão se revelando para si mesma, memórias esquecidas vão ressurgindo como se fosse uma imensa teia, quebra-cabeças já montados anteriormente, agora já iluminados por sua consciência e visão. Seu cérebro, em comum acordo com o mandato de cura emocional, inicia o remodelamento desta trama com a ajuda dos aspectos e recursos da Sonia de agora. No final, começo de tudo, Sandra encontra-se em momentos de desproteção, passa por situações onde reviveu muito medos assustadores e raivas não vividas em situações claustrofóbicas...
Tudo isso vai desfilando em sua mente até que a mesma passa a se reordenar no que estava enterrado de modo obscuro em seu psiquismo, trazendo novas soluções em meio a sensações e pensamentos inusitados. O dinamismo do EMDR passa por novas e criativas soluções que pela espontaneidade surpreende a todos, inclusive, ao paciente atuante e expectador de si mesmo em sua jornada interior de autoconhecimento e transformação.

No final das seções, Sandra nem lembrava mais de como era antes... Sabia-se tímida, mas esquecera-se da dimensão que este fato ocupava em sua vida. Ou seja, o assunto perdeu o sentido e por ter sido totalmente reprocessado, as conexões neurológicas antes viciadas num padrão de comportamento e de resposta, transformam-se por completo, mudando-a como um todo.
Se a pessoa muda, mudam suas relações consigo mesma e com os outros, portanto o mundo reagirá diferentemente e, em nome dessa resposta diferente, a pessoa também passará por novas experiências e assim por diante...
"O tempo não apaga, ele enterra algo vivo que continua vivo. O EMDR desenterra, reprocessa, atualiza os tempos do passado com o presente permitindo transcendência de todas as limitações emocionais".
Vida após o EMDR: - "O agora acontece com toda a intensidade, o futuro é projetado no melhor, no que realmente faz e dá sentido".

Conheça um pouco mais sobre o que é o EMDR e para quem se destina:
É um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas por meio de estimulação bilateral dos hemisférios cerebrais. Uma nova abordagem para o tratamento de traumas emocionais desenvolvida pela doutora Francine Shapiro no final dos anos 80, na Califórnia. Desde, então, o EMDR tem sido um dos métodos psicoterapêuticos mais amplamente pesquisados nos EUA na atualidade, com recomendação especial da American Psychiatric Association.
Denominado, de forma genérica, como Psicoterapia de Reprocessamento, o EMDR foi, de início, idealizado como psicoterapia breve e focal.
O EMDR é a possibilidade de cura emocional para qualquer situação que possamos estar envolvidos. Uma revolução palpável nos nossos aspectos de consciência e nas reais possibilidades de existirmos no nosso melhor.

Estresse:
Sempre que atravessarmos nossos limites de suportabilidade física e emocional, o estresse será desenvolvido. Disparadores que produzem mal-estar e, por conseqüência, estresse, podem ser elencados em diversos cenários diferentes como, mudança de cidade, conquista de novos cargos, divórcio, perdas, cirurgias, situações emocionais desagradáveis, repetitivas, excesso de jornada de trabalho e outros.

Trauma ou conflitos emocionais:

Quando não conseguimos lidar com acontecimentos difíceis, costumamos congelar as memórias perturbadoras dessas vivências em algum local de nossas mentes. Ao longo da vida, novas memórias interligam-se às memórias armazenadas, formando as mais variadas bases de interpretação da realidade que desenvolvem toda a gama de sentimentos e comportamentos. Novas experiências, portanto, sobrevêm com o colorido emocional do passado, juntamente com recursos adaptativos desenvolvidos anteriormente.

EMDR, como funciona?

O método de 'dessensibilização e reprocessamento através de movimentos oculares', envolve exercícios, como pedir ao paciente que acompanhe o movimento dos dedos do psicólogo de um lado para outro. Enquanto isso, o terapeuta pede que ele recorde a cena mais traumática de algum episódio que o perturbou ou o perturba e tenha dificuldade de resolver. Na sequência, pergunta que emoção está sentindo.
O método não consiste apenas no emprego de movimentos oculares. Trata-se do resultado do trabalho de profissional clínico devidamente capacitado e certificado pelo EMDR Institute, nos Estados Unidos. O EMDR é um procedimento complexo que exige o conhecimento da história clínica do paciente, um diagnóstico apropriado e o desenvolvimento de relação de confiança entre terapeuta e cliente.

A pesquisa dos Movimentos Oculares Rápidos (REM), que ocorrem durante o sono, é relevante para esclarecer o êxito do EMDR. Estudos demonstram que todos processamos as experiências do dia durante as etapas do sono REM. Em situações normais, o cérebro "revisa" as experiências do dia, processa-as e arquiva as lembranças em um enorme banco de dados cerebrais. No entanto, quando temos alguma experiência traumática, parece que o cérebro não consegue processar o evento e o incidente permanece aprisionado em uma espécie de "nó neurológico". É possível que os pesadelos sejam tentativas fracassadas do cérebro no sentido de processar essas lembranças traumáticas.

Conflitos, perturbações e EMDR:

No EMDR existe um intercâmbio de todas as partes do cérebro no intuito de que a experiência perturbadora seja reprocessada e desta forma os hemisférios cerebrais entram num acordo para que ao reprocessamento seja feito com eficiência. É interessante notar que durante o reprocessamento em EMDR, observamos o nosso cérebro trazer imagens, sentimentos, pensamentos, emoções e outros muitas vezes sem a lógica linear conhecida pela mente alerta. Por isso, é importante o não julgamento do paciente sobre o que ocorre durante o período de reprocessamento. Os resultados são surpreendentes em ganho de consciência, de novas atitudes e, principalmente, em alegria e qualidade do viver.






Silvia Malamud é colaboradora do Site desde 2000. Psicóloga Clínica, Terapia Breve e de Casais (Sedes), Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e Terapeuta em Brainspotting - David Grand PhD/EUA.
Tel. (11) 9938.3142 - deixar recado.
Autora do Livro: Projeto Secreto Universos
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Email: solvia.md@gmail.com

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